Ángeles Maestro [*]
Tigre de papel.
Apesar de termos à nossa disposição as ferramentas do materialismo dialético para compreender os processos sociais, grande parte das organizações e analistas que se dizem marxistas ou utilizam clichés preconcebidos – tentando impô-los repetidamente a uma realidade em mudança – ou se deixam guiar pela imediatez das notícias, sem avaliar os elementos subjacentes. O resultado não é apenas a falta de credibilidade que enfrentam quando a realidade não se ajusta às suas previsões. O mais grave é que tendem a considerar que o imperialismo é todo-poderoso, sem perceber e aproveitar os seus enfrentamentos e fraquezas, precisamente os que o convertem num «tigre de papel».
Dois exemplos recentes ilustram suficientemente estas posições.
O primeiro é a guerra entre o Irão e Israel e a intervenção dos EUA. A grande maioria dos «especialistas» dava como certo que o imperialismo agiria com todo o seu poder e que o lobby sionista imporia os seus interesses, desencadeando «a terceira guerra mundial». A realidade seguiu outros caminhos.